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Guia Prático da Acepromazina na Clínica Veterinária

Written by Diana Ferreira | 19 Novembro 2025

A acepromazina é uma fenotiazina que, graças ao seu efeito sobre os recetores dopaminérgicos, possui diversas indicações na clínica veterinária, tais como:

  • Tranquilizante: para manuseio de animais de difícil contenção e/ou em situações stressantes (exames clínicos, testes de diagnóstico, etc.) ou no pós-operatório para garantir um despertar tranquilo
  • Sedativo
  • Uso em pré-medicação anestésica
  • Antiemético em viagens (enjoo por movimento, especialmente frequente quando se viaja de carro/barco)

Atenção! Apesar dos seus efeitos sedativos, é importante não esquecer que a acepromazina, por si só, não tem efeito analgésico. Portanto, sempre que administrada a animais com dor, será necessária a associação com analgésicos.

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Efeitos secundários e precauções 

Os efeitos adversos associados ao uso de acepromazina são pouco frequentes. Os mais comuns incluem ataxia e efeitos extrapiramidais, razão pela qual não se recomenda o seu uso em animais com antecedentes de distonia ou sinais piramidais.

Como outras fenotiazinas, a acepromazina pode aumentar excessivamente o tónus vagal, sobretudo em cães braquicefálicos. Nestes casos, a administração de atropina pode ajudar a contrariar esses efeitos. Além disso, a sua ação bloqueadora α-adrenérgica pode provocar hipotensão.

Uso em fobias e medos 

A acepromazina tem sido usada frequentemente para tratar de forma aguda problemas de medo a ruídos em cães. Na verdade, continua a ser um dos fármacos de eleição utilizados por muitos veterinários generalistas.

O objetivo da farmacoterapia em fobias pode ser:

  • Aliviar os sintomas do animal durante um evento ameaçador de curto prazo.
  • Servir como coadjuvante num programa de modificação comportamental a longo prazo.

No uso tradicional deste fármaco, pretende-se que o animal não sinta medo durante eventos potencialmente desencadeadores. No entanto, isso não é o que realmente acontece. A acepromazina consegue reduzir a resposta motora, mas afeta muito pouco a perceção sensorial.

Consequentemente, o resultado final é um cão cuja capacidade motora está diminuída, mas que continua a perceber o estímulo como ameaçador, levando, na prática, a um aumento da ansiedade.

O GEMCA (Grupo de Especialistas em Medicina do Comportamento Animal) desaconselha a sua utilização como tratamento único, recomendando, em alternativa, o uso de fármacos mais seguros, tratamentos de modificação comportamental cientificamente orientados (com base nos princípios da aprendizagem animal) e estratégias de prevenção.